quinta-feira, 16 de abril de 2015

Resenha Semanal

Por Soraya Goulard

SUBLIME EXPIAÇÃO

Ficha Catalográfica: VICTOR HUGO (Espírito), psicografado por FRANCO, Divaldo Pereira. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira (FEB), 2011.
PREÇO PROMOCIONAL na Livraria YVONE DO AMARAL PEREIRA: R$ 20,00.

Quando tomado por doença crônica, o indivíduo, em geral, vê-se diante de dois caminhos: ou se revolta pela incompreensão do acontecido e, muitas vezes, perde a diretriz ou tenta assumir as rédeas da situação e prosseguir com a vida. Mas... tal bipolaridade seria capaz de explicar por que as coisas não funcionam de forma tão simplista, num cotidiano assolado, inesperadamente, pela dor física e emocional?
O romance de Victor Hugo, “Sublime Expiação”, inova o assunto ao conversar com o leitor não só sobre esses dois estágios como também sobre os desdobramentos espirituais advindos da luta entre “o deixar-se abater pela dor” (de difícil superação) e “o despertar de forças e de potencialidades” (na luta pelo reequilíbrio).  Lucien, um músico cujo corpo já se encontra deformado pela hanseníase, junto com o amigo Armando, protagoniza os acontecimentos.
Victor Hugo esclarece que as doenças crônicas procedem de equívocos cometidos na vivência atual e/ou em encarnações passadas. Mas também elucida outro ponto importante: o livre arbítrio atuando conjuntamente para a recuperação. O Amigo Espiritual de Armando esclarece: “Renasceste, como todos nós, para recomeçar a experiência evolutiva. Trazes no períspirito, onde se sediam as necessidades que nos impomos, após os gravames das experiências malogradas, os germens da hanseníase, que poderão ou não manifestar-se e infectar-te o corpo somático, dependendo de como te utilizes das forças físicas ora ao teu alcance. Não apenas pelo impositivo expiatório recuperamos o patrimônio malbaratado do espírito...” (p. 18).
Desde a apresentação, o autor deixa claro que os personagens são reais, ao traçar o modus vivendi do clã italiano dos Borgia, incluindo Lucrécia, a famosa personagem por aparecer como uma das mais cruéis da história, muito embora os assassinatos a ela atribuídos tenham sido praticados pelos irmãos e/ou pelo pai, Rodrigo Borgia, o Papa Alexandre VI.
Com um final totalmente inesperado e digno das mais expressivas tragédias gregas, passados quatro séculos, o Brasil recebe, pela reencarnação, o espírito de Giuliano que, sob a veste de Lucien, o doente de lepra, fora o músico preferido do segundo marido de Lucrécia, Alfonso de Aragão, para quem tocava alaúde, no intuito de satisfazer os caprichos do duque e os seus próprios (“Giuliano passou a ser figura requisitada pelas mais destacadas personagens romanas. A generosidade de Lucrécia e a afeição do duque facultavam-lhe gozar as concessões da oportunidade, refertando-lhe a bolsa incessantemente ávida de moedas de ouro, para as dissipações e as venalidades em voga” (p. 101).
Impossível deixar de ressaltar a misericórdia divina que, por meio dos seus mensageiros, cobre os filhos de força e de esperança, instrumentalizando-os a fim de fazê-los voltar ao equilíbrio energético. “Assistido pela ternura dos bons espíritos, cujo devotamento granjeara, graças aos contínuos testemunhos de paciência, resignação e humildade, e socorrido pela afeição de abnegada religiosa da Colônia, que lia cuidadosamente para ele páginas de fúlgida beleza, saiu da prostração que o cometera, apresentando, nos dias sucessivos, animadora melhora, a par de expressiva recuperação da cirurgia a que fora submetido” (p. 214).
O autoconhecimento e a oração constituem poderosos aliados do ser em expiação; afinal, como sugere “Sublinhe expiação”, o mais difícil não é a doença em si mesma, mas o que fazer com ela! Como diz Joanna, “Jesus espera-te ao fim da luta abençoada” (In: Ilumina-te).


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