Por Soraya Goulard
SUBLIME
EXPIAÇÃO
Ficha Catalográfica: VICTOR HUGO (Espírito), psicografado por FRANCO, Divaldo Pereira. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira (FEB), 2011.
PREÇO PROMOCIONAL na Livraria YVONE DO AMARAL PEREIRA: R$ 20,00.
Quando tomado por
doença crônica, o indivíduo, em geral, vê-se diante de dois caminhos: ou se
revolta pela incompreensão do acontecido e, muitas vezes, perde a diretriz ou tenta
assumir as rédeas da situação e prosseguir com a vida. Mas... tal bipolaridade seria
capaz de explicar por que as coisas não funcionam de forma tão simplista, num
cotidiano assolado, inesperadamente, pela dor física e emocional?
O romance de
Victor Hugo, “Sublime Expiação”, inova o assunto ao conversar com o leitor não
só sobre esses dois estágios como também sobre os desdobramentos espirituais
advindos da luta entre “o deixar-se abater pela dor” (de difícil superação) e “o
despertar de forças e de potencialidades” (na luta pelo reequilíbrio). Lucien, um músico cujo corpo já se encontra deformado
pela hanseníase, junto com o amigo Armando, protagoniza os acontecimentos.
Victor Hugo esclarece
que as doenças crônicas procedem de equívocos cometidos na vivência atual e/ou em
encarnações passadas. Mas também elucida outro ponto importante: o livre arbítrio
atuando conjuntamente para a recuperação. O Amigo Espiritual de Armando
esclarece: “Renasceste, como todos nós, para recomeçar a experiência evolutiva.
Trazes no períspirito, onde se sediam as necessidades que nos impomos, após os
gravames das experiências malogradas, os germens da hanseníase, que poderão ou
não manifestar-se e infectar-te o corpo somático, dependendo de como te
utilizes das forças físicas ora ao teu alcance. Não apenas pelo impositivo
expiatório recuperamos o patrimônio malbaratado do espírito...” (p. 18).
Desde a
apresentação, o autor deixa claro que os personagens são reais, ao traçar o modus vivendi do clã italiano dos
Borgia, incluindo Lucrécia, a famosa personagem por aparecer como uma das mais
cruéis da história, muito embora os assassinatos a ela atribuídos tenham sido
praticados pelos irmãos e/ou pelo pai, Rodrigo Borgia, o Papa Alexandre VI.
Com um final
totalmente inesperado e digno das mais expressivas tragédias gregas, passados
quatro séculos, o Brasil recebe, pela reencarnação, o espírito de Giuliano que,
sob a veste de Lucien, o doente de lepra, fora o músico preferido do segundo
marido de Lucrécia, Alfonso de Aragão, para quem tocava alaúde, no intuito de satisfazer
os caprichos do duque e os seus próprios (“Giuliano passou a ser figura
requisitada pelas mais destacadas personagens romanas. A generosidade de
Lucrécia e a afeição do duque facultavam-lhe gozar as concessões da
oportunidade, refertando-lhe a bolsa incessantemente ávida de moedas de ouro,
para as dissipações e as venalidades em voga” (p. 101).
Impossível deixar
de ressaltar a misericórdia divina que, por meio dos seus mensageiros, cobre os
filhos de força e de esperança, instrumentalizando-os a fim de fazê-los voltar
ao equilíbrio energético. “Assistido pela ternura dos bons espíritos, cujo
devotamento granjeara, graças aos contínuos testemunhos de paciência,
resignação e humildade, e socorrido pela afeição de abnegada religiosa da
Colônia, que lia cuidadosamente para ele páginas de fúlgida beleza, saiu da
prostração que o cometera, apresentando, nos dias sucessivos, animadora
melhora, a par de expressiva recuperação da cirurgia a que fora submetido” (p.
214).
O autoconhecimento
e a oração constituem poderosos aliados do ser em expiação; afinal, como sugere
“Sublinhe expiação”, o mais difícil não é a doença em si mesma, mas o que fazer
com ela! Como diz Joanna, “Jesus espera-te ao fim da luta abençoada” (In: Ilumina-te).
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